sexta-feira, 12 de junho de 2009

Nova geração de smartphones chega ao mercado corporativo

São Paulo - A oferta de aparelhos com cada vez mais funcionalidades aumenta a brecha de segurança das empresas? E o uso desses modelos se aplica ao usuário corporativo?

Por Fabiana Monte, editora-assistente do COMPUTEWORLD
12 de junho de 2009 - 07h00

Uma nova geração de celulares está chegando ao mercado de telecomunicações, com os lançamentos dos aparelhos Palm Pre, da Palm; N97, da Nokia; Storm, da BlackBerry; e iPhone 3G S, da Apple, modelos que, em breve, chegarão ao Brasil.

Os limites entre o mundo corporativo e o uso diário de telefones móveis estão cada vez mais próximos, com os smartphones (como são chamados os aparelhos mais sofisticados, com sistema operacional) atingindo patamares de preços cada vez menores e, por outro lado, somando novos recursos multimídia.

De acordo com Adriano Lino, gerente de pesquisa e inteligência de mercado da Research In Motion (RIM) - fabricante dos modelos BlackBerry -, há alguns anos, a adoção de smartphones dava-se exclusivamente pelo mercado corporativo. Agora, no entanto, um outro público, chamado pelo executivo de "prosumers", aderiu a este tipo de aparelho. São profissionais liberais e pessoas que têm necessidade de estarem sempre conectadas.

"O mercado corporativo é composto, em sua maioria, por empresas de pequeno porte. A possibilidade de pegar um aparelho diferenciado para diretores e gerentes, e outro modelo para vendedores, por exemplo, é um dos fatores que influencia a opção por uma operadora", acrescenta Fiore Mangone, diretor de serviços e software da Nokia.

A RIM, que tradicionalmente costumava se posicionar como principal empresa atuante no mercado corporativo, informa que, pela primeira vez em sua história, no primeiro trimestre deste ano, as vendas para o segmento "prosumer" superaram as corporativas. Lino ressalta que, como este público compõe um mercado maior do que o corporativo, é natural que as taxas de crescimento sejam mais altas.

Na Nokia, por sua vez, os aparelhos da série E, criados especificamente para o segmento corporativo, continuam sendo mais procurados por este mercado, mas, segundo Mangone, vêm conquistando terreno entre os usuários comuns.

O fato é que os smartphones têm puxado o crescimento do mercado de telecomunicações nos últimos meses. No primeiro trimestre do ano, as vendas desses aparelhos cresceram 12,7%, segundo a consultoria IDC, enquanto as de celulares mais simples recuaram 9,4%.

Vinícius Caetano, analista da consultoria IDC especializado no setor de telecom, avalia que a tendência do mercado é a substituição de aparelhos tradicionais por smartphones, daí o maior avanço das vendas desses telefones em relação ao volume total de celulares comercializados.

Nova geração, novas brechas?
Mas o lançamento dessa nova geração de smartphones implica no surgimento de novas brechas de segurança que colocam a empresa em risco? Para Caetano, não. Isso porque, apesar do surgimento de novos modelos, a plataforma que funciona nos aparelhos continua igual.

O que acontece é que à medida que as versões avançam, os telefones evoluem e passam a contar com novas funções. E o uso desses modelos também no ambiente empresarial exige que os fabricantes façam adaptações. O iPhone, por exemplo, ganhou, em sua versão 3G S, uma funcionalidade muito requerida para uso empresarial: a capacidade de funcionar como modem 3G, além de recurso que permite ao usuário apagar remotamente todas as informações do aparelho.

Já o Palm Pre, testado em primeira mão pela PCWorld, é apontado pelo analista da IDC como "o retorno da Palm ao mercado de smartphones" e traz um recurso interessante para o segmento corporativo. Chamado de "multitasking", ele permite ao usuário manter diversas aplicações abertas simultaneamente que continuam sendo atualizadas mesmo quando estão minimizadas.

O BlackBerry Storm fez o caminho contrário do trilhado pela Nokia. A RIM obteve notoriedade no mercado com sua solução de e-mail, cujo uso ganhou destaque no mercado corporativo. Com o Storm, a empresa agregou ao aparelho recursos valorizados tipicamente por consumidores finais, como câmera digital com resolução de 3,2 megapixels e tela colorida sensível ao toque com 3,25 polegadas. E manteve o nível de segurança dos modelos anteriores.

"A gente faz telefones cada vez para usuários 'prosumers', mas é uma solução que tem toda a possibilidade de ser controlada pela área de tecnologia da informação", diz Lino.

O segredo, dizem os fabricantes, é oferecer variedade para as operadoras, de forma que modelos com recursos e preços diferentes seduzam os consumidores corporativos. "Mais do que procurar um ou outro aparelho, usuário corporativo tem buscado soluções, em geral associadas a uso de email e mensagens", afirma Mangone.

Gerenciamento
Dar ao departamento de TI a possibilidade e o controle dos dispositivos móveis é o ponto-chave para garantir a segurança das informações que trafegam nesses aparelhos. O executivo da RIM e o analista da IDC concordam que o ponto fundamental é a empresa estabelecer uma política de segurança e mobilidade que inclua homologação de aparelhos e o gerenciamento das aplicações e dos dispostivos.

"O gerente de tecnologia deve ser responsável pela implementação do smartphone, homologação do sistema operacional do aparelho, nível de criptografia, além de avaliar a questão da gerenciabilidade do smartphone", acrescenta Caetano.

O gerenciamento dos recursos de mobilidade corporativos é feito por meio de soluções oferecidas especificamente para este fim, como a da Nokia, por exemplo, que também promove a atualização de software do telefone. Em geral, essas ferramentas são aplicáveis a diversos modelos de smartphones, porque funcionam sobre o sistema operacional.

"Se a empresa tem uma política adequada de segurança da mobilidade, ter aparelhos com mais funcionalidades não aumenta seu risco, até porque o uso da câmera pode ser desabilitado, por exemplo".

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