segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

20 tendências que não vão acontecer em 2010

Relatório da consultoria ABI Research aponta as tecnologias que, na contramão das previsões, não vão deslanchar no próximo ano.

Por Redação da Computerworld
18 de dezembro de 2009 - 18h53

A consultoria ABI Research divulgou nesta sexta-feira (18/12) seu relatório anual sobre o que não vai acontecer no mercado de tecnologia em 2010. Sim, isso mesmo. Ao contrário das tradicionais listas que apontam o que é mais provável, a consultoria norte-americana decidiu preparar um documento sobre o que não vai acontecer em 2010. Veja a seguir a avaliação dos especialistas e dê sua opinião, participando da nossa enquete.

1- Leitores eletrônicos não terão apelo de massa
Apesar dos fornecedores dizerem que livros eletrônicos seriam o maior hit tecnológico do fim de 2009, esses equipamentos ainda não têm valor para o mecado de massa. Os "early adopters" desses aparelhos são, comumente, pessoas que viajam a trabalho e leitores vorazes que encontram conveniência em carregar apenas um aparelho, no lugar de diversos livros. Mas qual é o mercado total de pessoas que leem com frequência? Os livros eletrônicos não devem ganhar apelo de massa em 2010 até que ganhem novos modelos de negócios e categorias.

2- Não haverá um “iPhone Killer”, mas vários aparehos que “querem ser um iPhone”
A corrida para copiar o conceito do celular da Apple continua, com praticamente todo o mercado de smartphones lançando aparelhos com tela sensível ao toque e cantos arrendodados. Mas quase nenhum dos atuais modelos tem o apelo que o celular da Apple trouxe para o mercado. Mais: eles terão um trabalho duro para provar que são mais que uma cópia e realmente são bons produtos.

3- Telefones chineses não vão destruir o mercado de aparelhos
Reportagens recentes alertam para o fato de que os celulares produzidos na China vão destruir mercados em desenvolvimento e as vendas de fornecedores como Nokia e Samsung. Embora seja importante ter conhecimento da existência e do avanço desses aparelhos, eles dificilmente vão causar danos à já estabelecida indústria de celulares.

Primeiro porque marca é importante. Muita gente não entende muito como consumidores valorizam e confiam em uma marca. Mas é esssa é a razão da popularidade de Nokia e Samsung em regiões em desenvolvimento, bem como de suas participações de mercado. Eles projetaram aparelhos de baixo custo com especificações voltadas para determinados países, o que inclui recursos, localização de idioma e serviços. Assim, é difícil que um aparelho "fake" consiga competir com as duas empresas devido a suas marcas e cadeias de distribuição.

Em segundo lugar, celulares não são descartáveis. Modelos chineses de baixíssimo custo e falsificações destruíram mercados emergentes no passado no que tange a mercadorias cujo uso era absolutamente descatável, porque a qualidade não importava. No entanto, nesses mesmos mercados, a troca de aparelhos leva anos, o que significa que um produto durável e de qualidade faz a diferença.

Em terceiro lugar, é fácil implementar contramedidas para bloquear o acesso de telefones falsos ao mercado. Quando esses aparelhos se tornaram um problema de segurança na Índia, o governo pediu a operadoras que cortassem a conectividade de qualquer aparelho que não pudesse ser registrado na rede por meio de um código chamado IMEI. Isso foi feito porque terroristas estavam usando aparelhos que não podiam ser rastreados. Não há impedimento para que a indústria não faça lobby para medidas semelhantes em outras regiões.

Em quarto lugar, o preço de aparelhos continua a cair. O último lançamento da Nokia de um modelo ultrabarato custa 20 euros, sem subsídio. O próximo ano verá quedas de preços maiores, acabando com a única vantagem de um aparelho falso.

4- Modems PCMCIA não vão voltar com força
Apenas 2,3% de todos os celulares, roteadores e modems de banda larga móvel vendidos em 2010 usarão PCMCIA, CardBus ou ExpressCard (chamados coletivamente de PC Card). Essa tecnologia que, por anos, foi usada, perdeu terreno com a chegada de modems USB, que devem responder por 74% de toda a conectividade do mundo em 2010. Em 2008, PCMCIA respondia por 27% da produção de modems da fabricante Sierra Wireless e por 34% da Huawei e da ZTE.

A flexibilidade do USB é o principal fator que fez com que esse padrão ganhasse força tão rapidamente. PC Cards funcionam apenas em laptops, já que netbooks e outros devices de acesso à internet são produzidos nos menores dimensões. Outra razão é a conveniência que o USB oferece à indústria no que diz respeito à padronização. Com menos variações, os custos permanecem baixos.

5- Femtocells não vão sumir
O mercado de femtocells, que parecia tão promissor não cumpriu o que prometia. A ABI Research reduziu suas previsões, mas isso não quer dizer que vemos um futuro sombrio para este mercado. No entanto, alguns recentes anúncios que ocorreram na França podem nos dar sinais do que o futuro reserva para mercados desenvolvidos. Para quem não sabe, femtocells são pequenas estações radiobase usadas para coberturas dentro de residências e que possibilitam a cobrança de chamadas ou conexões de dados, com preços de telefonia fixa quando o usuário está em casa.

A França é um microcosmo do futuro da convergência do tráfego fixo-móvel. Lá, a penetração de celular é alta, bem como há boas ofertas para consumidores de banda larga com velocidades superiores a 200Mb. Além disso, existe um vibrante ambiente competitivo, com o produto Unik, da France Telecom (baseado em Wi-Fi) e o recente anúncio de um serviço baseado em femtocells da SFR.

Este é um indicador de como mercados competitivos serão inevitavelmente obrigados a usar essa tecnologia, ao encarar a necessidade de solucionar questões ligadas a tráfego e tendências de receita por usuário. Haverá um embate entre um "femto" ambiente, controlado, e um ambiente W-Fi, menos controlado.

6- Mas aplicações femtocell ainda não vão decolar
Espera-se que as operadoras de femtocell deixem de oferecer cobertura básica de voz e mudem para um segundo estágio, oferecendo velocidades de dados para cobertura indoor. No entanto, a pergunta é: quando o terceiro e mais excitante estágio - "zonas de aplicações de femtocell" - verá a luz do dia? Esse conceito nada mais é do que serviços e aplicações que podem ser oferecidos por meio de femtocell, usando informações críticas sobre o usuário, como localização, por exemplo.

O ano de 2009 foi um banho de água fria em relação a volumes para os fornecedores de femtocell, mas há esperança para 2010. A ABI prevê que nos Estados Unidos cerca de 25% dos consumidores teriam interesse na proposta básica da femtocell: cobertura de voz em casa. Mas para que femtocells realmente se tornem algo de massa, as operadoras têm de oferecer incentivos adicionais.

Identificar a presença e a localização do morador em sua casa é um aspecto muito poderoso que pode ser utilizado pelas operadoras em conjunto com anunciantes ou outros provedores de serviços para realmente dar início a uma ervolução no mundo das aplicações e serviços femtocell. Um exemplo de aplicação femtocell com bom apelo comercial é uma assinatura de revista/jornal que é entregue no aparelho móvel todos os dias ou na frequência escolhida, quando o usuário chega em casa ou está em casa.

Em novembro de 2009, a NTT DoCoMo, no Japão, se tornou uma das primeiras operações do mundo a oferecer aplicações do tipo, começando com alertas via SMS. A expectativa é que operadoras na América do Norte e na Europa comecem a oferecer soluções do tipo em 2010, no entanto, o próximo ano deverá ser mais a respeito serviços de dados e ofertas conjuntas do que aplicações.

As operadoras parecem estar dispostas a se mover em relação a femtocell na sua própria velocidade e a controlar o crescimento da femtocell para garantir que seus sistemas de back-end e redes possam se ajustar a equipamentos que se configuram e ajustam sozinhos, como os baseados nesta tecnologia. As zonas de aplicações femtocell, por outro lado, exigirão tempo e custo adicionais para serem desenvolvidas, testadas e integradas a sistemas de cobrança e gerenciamento.

Apesar desses fatores, os fabricantes de equipamentos femtocell estão fazendo pressão sobre aplicações, com a criação de um grupo chamado Special Interest Group (SIG) do Femto Forum para padronizar o desenvolvimento de aplicações. Embora este seja o caminho certo para desenvolver o futuro das aplicações femtocell, ainda estamos vivendo os primeiros estágios para identificar modelos de negócio e de comercialização de aplicações femtocell.

7- Pagamentos entre pessoas por meio de dispositivos móveis não serão aplicações de massa
Durante o mês de novembro, alguns anúncios a respeito de soluções de pagamento entre pessoas (P2P) foram feitos nos Estados Unidos. Mas este tipo de solução não será uma realidade, porque é um mercado de nicho. A ABI Research sempre foi cética em relação a P2P em países desenvolvidos, onde a possibilidade de pagar pessoas com dinheiro ou cheque é relativamente conveniente.

Além disso, basta analisar o histórico de pagamentos P2P. A PayPal oferece pagamentos P2P desde 1999 e cresceu para mais de 160 milhões de usuários em todo o mundo - embora a companhia admita que a vasta maioria deles está amarrada ao eBay. Sua rival Obopay, comprada pela Nokia este ano, originalmente tinha foco em P2P nos EUA, mas mudou sua estratégia para países em desenvolvimento. Certamente, os dois casos refletem o mercado norte-americano de pagamentos móvel P2P, ou a falta dele.

O P2P é uma forma potencial dos bancos atingirem pessoas que ainda não são clientes bancários, mas têm telefones celulares. Por hora, esta é apenas uma cartada para bancos conseguirem novos clientes.

8- Vídeo na internet não vai provocar um êxodo de assinantes de TV paga
Nos últimos anos, analistas, marketeiros e outros especialistas da indústria vêm falando sobre o fim da TV paga como ela é conhecida. A expectativa era de que o vídeo na internet se tornasse tão popular e difundido que os consumidores abandonassem a televisão por assinatura via cabo, satélite e IPTV para assistir a seus programas favoritos na internet. Apesar de ser atraente, muitos fatores fazem com que essa possibilidade seja improvável, pelo menos no curto prazo.

Primeiro, vídeo na internet é muito mais difícil de navegar em comparação ao seviço tradicional de TV. Em segundo lugar, o modelo de negócios de vídeo na web ainda não está pronto para fazer sentido para um ecossistema totalmente baseado em publicidade. A ideia de gratuidade pode checar ao fim para aqueles a favor do vídeo na internet. À medida que o vídeo na internet amadurece e se torna mais parecido com serviços de TV paga, o apelo de deixar de pagar a TV por assinatura perderá força.

9- Por outro lado, a maioria dos vídeos online não será oferecida no modelo "pay-per-play"
Mais do que forçar modelos "pay-per-play", serviços e provedores de conteúdo para vídeo na internet devem encontrar formas criativas para gerar receita por meio de publicidade interativa e focada. À medida que equipamentos conectatos à banda larga criam pontos adicionais de contato a conteúdo online, a necessidade de estabelecer um modelo torna-se mais vital, porque consumidores vão encontrar formas para acessar o conteúdo.

10- Redes sociais não vão escapar ilesas a brechas de segurança
Os gerentes de TI vão encarar um crescente número de ataques associados a ferramentas e sites de redes sociais. E telefones celulares não vão escapar desses ataques.

11- Universidades não vão deixar de liderar a adoção de redes 802.11n
As universidades vão continuar a desenvolver a maior parte das implementações de 802,11n em 2010. Elas continuarão a ter as maiores necessidades de fazer isso devido ao crescimento do uso de vídeos nos campi, bem como da demanda por largura de banda em grandes salas de leitura e dormitórios.

Mesmo com o desenvolvimento do 3G e o início do 4G, o WiFi não vem desacelerando. Os chips WiFi estão presentes em cada vez mais dispositivos e essa tecnologia é crucial para operadoras móveis (a menos que a femtocell ganhe força) para desviar o tráfego da rede WWAN e prover a melhor experiência possível para consumidores que utilizam dispositivos móveis cada vez mais potentes.

12- Telepresença não será uma grande tendência
O anúncio da Cisco há alguns meses sobre a aquisição da Tandberg foi suprimido pelas dúvidas que cercam a aquisição. O mercado de telepresença foi impulsionado pelos altos preços de viagens, mas existem lacunas sérias de interoperabilidade de hardware e software de fornecedores, bem como custo de equipamento, que continuam a impedir o avanço desse crescimento.

13- Softwares de navegação rua-a-rua não serão gratuitos
A comoção causada pelo anúncio do Google de navegação rua-a-rua gratuita em celulares com o Android nos Estados Unidos, ainda existe um mercado que valoriza alta qualidade e serviços premium em celulares. De forma semelhante, ainda haverá mercado para os tradicionais GPS. Além disso, a existência de alternativas gratuitas continuará a pressionar preços e aumentar as expectativas dos usuários em relação à qualidade da rota, dos mapas e da usabilidade da interface de serviços pagos.

14- Operadoras não ficarão de fora do mercado de LBS
Apesar do grande sucesso de serviços de localização (LBS, Location Based Services) de terceiros no iPhone, as operadoras não ficarão de fora desse mercado por conta das plataformas independentes. As operadoras, principalmente as norte-americanas, ainda são os fornecedores de LBS que têm a preferência dos consumidores.

Elas contam com a confiança e, na percepção dos consumidores, garantem a privacidade e o nível de suporte que não pode ser igualado pelos outros participantes do mercado. O grosso das receitas de LBS em 2010 ainda será gerado por operadoras e não pelas plataformas de terceiros. Estas continuam presas no desafio de encontrar o modelo certo de monetização.

15- Telemática não ganhará o status de aplicação de massa
Em relação à telemática, a expectativa de desenvolvimento há muito tempo anunciada não ocorrerá. Apesar da mudança de atitude, a implementação - e a execução - da legislação levará mais tempo do que o esperado e, ao mesmo tempo, a indústria automobilística continua presa ao velho paradigma de tecnologia proprietária e de longos ciclos de desenvolvimento.

16- HP não engolirá a 3Com tão suavemente
A aquisição da 3Com pela HP não ocorrerá de forma tão suave quanto algumas pessoas pensam. As culturas das duas empresas não são sequer parecidas - pense no Vale do Silício encontrando Pequim. Igualmente problemática é a duplicação de equipamentos de comutação para pequenas e médias empresas.

17- O GSM não morrerá
Embora a tendência de longo prazo seja a desaceleração para o mercado de equipamentos GSM/GPRS/EDGE, boa parte do terceiro mundo ainda está desenrolando infraestrutura e aparelhos com essas tecnologias. Embora a maioria das modernas estações radiobase possam passar por um upgrade para WCDMA e LTE, as necessidades de comunicação de países de terceiro mundo serão satisfeitas pelas tecnologias GSM/GPRS/EDGE, mais básicas, ainda por algum tempo.

18- Estações radiobase "verdes" não terão um grande desenvolvimento
Estações radiobase de energia renovável são oferecidas pela maior parte das principais empresas de infraestrutura de telecomunicações como Alcatel Lucent, Nokia Siemens, Huawei e Ericsson. No entanto, muitos destes fornecedores estão direcionando suas soluções alternativas para países em desenvolvimento como África, Índia e localidades do Extremo Oriente.

Em 2010, 24 mil estações de energia renovável devem ser adicionadas, sendo quase todas em locais que não possuem rede elétrica. Este foco também se reflete no posicionamento de uma das maiores associações da indústria de mobilidade, a GSMA, que lançou o programa ‘Green Power for Mobile’, em 2008. O projeto visa a colaborar com a criação de 118 mil novos e atuais centros de geração de energia em regiões remotas e rurais da África e da Índia até 2012.

O nível de maturidade das tecnologias para geração de energia solar e eólica, entretanto, não é suficiente para ganhar escala, afirma a ABI Research. O retorno sobre o investimento nestas operações varia de três a seis anos. Além disso, na avaliação da ABI, a indústria de mobilidade ainda não atentou para outro fato importante: há localidades com fornecimento parcial de energia elétrica, em países como Índia e China, nas quais muitas estações radiobase são movidas a diesel por um período de 12 horas a 14 horas por dia.
Os movimentos em relação a estações de energia renovável precisam ir além do foco em locais sem rede elétrica, em áreas rurais e remotas. Sem iniciativas da indústria de mobilidade para expandir o alcance das estações de energia renovável, é pouco provável vermos inovações em tecnologias movidas à luz solar ou ao vento que cheguem ao mercado de massa.

19- LTE não será lançado em todo o mundo
Com a maioria das operadoras destinando investimentos a aumentar as capacidades de suas redes 3G, os investimentos em LTE devem começar em alguns anos - apesar dos recentes anúncios de redes com essa tecnologia.

20 - Mas o RFID continua fazendo barulho...
De acordo com uma pesquisa da ABI sobre RFID feita com usuários, os investimentos em tecnologias de identificação por radiofreqüência não devem cair em 2010. Entre os participantes da pesquisa, um terço pretende manter o mesmo nível de investimento nesta área, 11% citaram que pretendem reduzir os investimentos em RFID e 8% responderam que não planejam investir na tecnologia em 2010.

A tendência de gastos está sendo direcionada pela contínua expansão de segmentos de alta frequência como pagamentos por contato e ticketing, além de avanços nos segmentos de varejo de moda, gerenciamento de ativos e de logística da cadeia de suprimentos. A pesquisa indica que os atuais usuários de RFID elevarão os investimentos em seus atuais sistemas e programas de RFID. A informação sinaliza que a tecnologia deve receber aportes significativos em 2010, acompanhando o ritmo de recuperação econômica.

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