Por IDG News Service, EUA
A salvação da Terra – e do orçamento de sua empresa – pode ser tão simples quanto usar ar fresco para refrigerar seu data center? A resposta pode não ser tão óbvia, mas pode ser o primeiro passo para alcançar o objetivo, porque companhias que estão utilizando ar natural para refrigerar suas instalações estão colhendo grandes benefícios, tanto ambientais quanto financeiros. Na verdade, executivos de TI, analistas e defensores ambientais afirmam haver uma série de oportunidades para empresas de tecnologia criarem operações mais ‘verdes’ que reduzam custos de energia, aumentem o crédito de carbono das empresas e, também, economizem dinheiro.
Mas a maioria das empresas ainda não estão capitalizando suas iniciativas, mesmo aquelas relativamente fáceis e baratas de se implementar. Uma pesquisa anual realizada pelo Computerworld norte-americano mostrou que os executivos de TI ainda relutam. Quase a metade deles (42%) disse que seus departamentos não têm planejados, para os próximos doze meses, projetos para redução de consumo de energia ou emissão de carbono, e quase três quartos reconheceram não ter planos para a criação de comitês que coordenem estas iniciativas.
Enquanto isso, especialistas alertam organizações que ignoram questões verdes que agora é o momento, se elas quiserem continuar competitivas. “A questão não está evoluindo e há muito em jogo neste momento”, afirma Rakesh Kumar, analista do Gartner. É impossível dizer que estes executivos não têm seus motivos para permanecer longe destas questões. Para Kumar, alguns deles encaram o tema como modismo. Christopher Mines, analista do Forrester, afirma que outros não levam o tema a sério e não veem necessidade de agir, e outro grupo acredita tratar-se apenas de aumento nas despesas.
Outros ainda demonstram irritação com o retrabalho exigido para alinhamento de sistemas e processos. “A última coisa que estas pessoas querem fazer é redefinir processos de TI que funcionam e iniciar um processo de reengenharia para torná-los mais eficientes”, ressalta Mines.
Pioneiros
Apesar disso, há um grupo de executivos de TI e outros executivos que estão colocando os questionamentos de lado e estão implementando iniciativas de TI Verde. Quando a IDC entrevistou 300 CEOs para sua pesquisa “U.S. Green IT Survey”, em setembro do ano passado, 44% dos respondentes disseram que as áreas de TI teriam um papel muito importante os esforços corporativos para redução de impactos ambientais. Em 2007, este percentual era de 14%.
Grandes projetos, com seus correspondentes retornos sobre investimento, exigem muita atenção. Infelizmente, algumas vezes eles deixam de lado pequenas mudanças que, feitas em conjunto, podem representar economias significativas. Veja abaixo algumas das melhores práticas que oferecem benefícios financeiros e ambientais:
- tire da tomada carregadores de bateria e de celulares, quando eles não estiverem em uso;
- troque os monitores CRT por LCD, que são mais eficientes, e garanta descarte correto dos antigos, que contêm material poluente;
- considere fornecer laptops aos usuários, ao invés de desktops. Você reduzir o gasto de energia e eliminar a necessidade de comprar dois equipamentos para os trabalhadores móveis;
- instale e estimule o uso de equipamentos de teleconferência e outras ferramentas de colaboração que reduzem a necessidade de viagens sem sacrificar os negócios;
- desligue os descansos de tela;
- imprima frente e verso e mantenha as impressoras longe dos funcionários. Isso vai desencorajar impressões desnecessárias;
- estimule o teletrabalho. Isso vai reduzir a quantidade de carros na rua e a necessidade de mais espaço no escritório.
A pesquisa de 2008 também mostrou que a redução de custos de energia é o hoje a maior razão para a adoção da TI Verde. “Nós não encontramos muitas empresas em dúvida sobre a exploração de projetos de TI Verde. A principal dúvida é por onde começar. Fornecedores e ambientalistas têm feito muito marketing sobre o tema e isso pode estar confundindo CEOs e CIOs”, acredita Vernon Turner, analista da IDC.
Para que estas iniciativas funcionem, é fundamental que sejam desenvolvidas políticas verdes corporativas. De outro lado, as áreas de TI podem implementar algumas ações sem a necessidade de refazer inteiramente políticas, processos e procedimentos – e também sem gastar muito dinheiro. Mais que isso, elas podem vender o gerenciamento destes projetos com base não apenas em seus méritos ambientais, mas também com base em seu retorno financeiro.
“Muitas ações permitem retorno em curto prazo”, alerta Kumar, lembrando que nas atuais condições da economia mundial, os CIOs deveriam manter seu foco em iniciativas cujos retornos se comprovem em, no máximo, 18 meses. Ele cita como exemplo projetos que reduzam a demanda por energia, desde o uso de telecomutação e teleconferência até a consolidação de data centers. “Estas, em nossa opinião, são ações de TI Verde”, afirma.
Katharine Kaplan, gerente de produto da Energy Star junto a Agência de Proteção Ambiental dos Estados Unidos, concorda. “O gerenciamento de energia é provavelmente um dos meios mais fáceis e de menor custo de obter grandes resultados”, diz. Como exemplo, ela lembra que o uso de funcionalidades de gerenciamento em desktops pode economizar 50 dólares anuais por máquina. As mesmas ferramentas, em monitores, podem economizar de 12 dólares e 90 dólares anuais, por monitor.
Becky Blalock, vice-presidente e CIO da Southern Co., companhia energética de Atlanta, disse que sua empresa está implementando tecnologias de gerenciamento de energia para garantir que seus 26 mil desktops sejam desligados a noite e durante os períodos de inatividade.
Para Henry Wong, membro do programa de eco-tecnologia da Intel, o gerenciamento de desktops é apenas o começo. Ele lembra que o gerenciamento de ativos é outra maneira simples de reduzir os gastos com energia e custos, bastando analisar a operação para identificar e desligar qualquer equipamento eu não esteja sendo usado ou seja necessário.
Outro modo fácil de introduzir benefícios ‘verdes’ que trazem retorno financeiro é a adoção de práticas de procurement, lembra Michelle Erickson, diretora de programa de TI sustentável do Citigroup. Um exemplo: a instituição está implementando thin clients, que têm menor necessidade de energia e reduz as emissões de carbono das empresas usuárias.
A executiva também recomenda que novos equipamentos estejam em conformidade com o padrão Energy Star, o que garante que os usuários estão usando computadores mais eficientes em energia. O padrão será atualizado este ano, e passará a incluir também servidores. Para Wong, estratégia similar pode ser adotada nos data centers: analise o equipamento que você tem e consolide onde você puder maximizar o uso de cada máquina, sempre com foco nas necessidades de suas unidades de negócio.
“Fizemos isso com equipamentos Intel e evitamos gastos de 3 milhões de dólares”, ressalta Wong. A economia veio do fato de a empresa não precisar construir uma nova estrutura física e não pagar pela manutenção do novo prédio. Do lado ‘verde’, houve redução nos gastos com energia.
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