quarta-feira, 30 de setembro de 2009

Médias empresas devem adotar de forma maciça a RFID

Segundo um dos principais líderes dos EUA em pesquisas sobre a tecnologia, já há como obter soluções de RFID viáveis, capazes de trazer retorno sobre o investimento.

Por Rodrigo Afonso, da COMPUTERWORLD
28 de setembro de 2009 - 07h00

Há tempos se fala da revolução que a tecnologia RFID (identificação por rádiofrequência) pode trazer para processos produtivos de diversos setores da economia. De fato, as etiquetas estão presentes com sucesso em diversas aplicações, como o conhecido dispositivo que libera a passagem em pedágios e estacionamentos quando um automóvel se aproxima ( o Sem Parar).

Trata-se, no entanto, de uma etiqueta ativa, de custo elevado e que precisa de alimentação de energia para funcionar. A maior revolução está na etiqueta passiva, que pode ser aplicada em grandes volumes, mas precisa passar perto de uma antena que fornece energia para a realização de sua leitura.

De acordo com o professor da Universidade de Los Angeles (UCLA) e fundador do Wireless Media Lab da mesma instituição, Rajit Gadh, as médias empresas serão as que terão mais condições de aderir à tecnologia em larga escala. "As pequenas não têm poder de investimento e as grandes, apesar de contribuir para a discussão, implementam lentamente a tecnologia devido ao seu porte", afirma.

O pesquisador, que estará no País para o IV Simpósio de Soluções em Negócios em RFID, no final de outubro, em São Paulo, acredita que a tecnologia pode ajudar essas empresas a se tornarem mais produtivas e manterem a eficiência por meio de redução de estoque, melhor gerenciamento de ativos, redução do tamanho das instalações, entre outras vantagens.

Um dos trabalhos do professor é discutir com diferentes organizações o desenvolvimento de aplicativos de RFID usando a plataforma WinRFID Middleware, que funciona com vários padrões e protocolos. Na sua opinião, a tecnologia vive hoje um momento propício para decolar, já que os preços das etiquetas e dos leitores diminuiu o suficiente, enquanto o middleware teve os custos com desenvolvimento e a integração de software reduzidos.

“Já há como se obter no mercado soluções completas, financeiramente viáveis e capazes de oferecer retorno sobre investimento (ROI) no curto e médio prazo", afirma Gadh. Apesar de já haver possibilidade de retorno, ainda é necessário estudar caso a caso para saber até que ponto é viável sua adoção, defende o professor.

Com o grande número de padrões que ainda existem hoje, situação similar ao que a telefonia celular viveu nos anos 80, o custo das etiquetas pode variar entre 10 centavos de dólar e 10 dólares. "Há situações em que as etiquetas mais caras compensam e as mais baratas não oferecem benefício financeiro”, diz Gadh.

O professor, no entanto, é otimista ao prever o futuro da tecnologia. “As etiquetas podem chegar a décimos de centavos e os leitores a 10 dólares". Os valores seriam garantia de retorno e adoção maciça.

A RFID também está sendo desenvolvida para apoiar a implantação do Smart Grid, outra tecnologia que está sendo amplamente discutida. Atualmente, o Smart Grid é um empreendimento importante nos Estados Unidos, com cerca de 4,5 bilhões de investimentos determinados pelo presidente Obama.

"Faz parte da evolução da RFID, de uma tecnologia de inventário para uma ferramenta de computação, monitoração e controle", diz Gahd. A tecnologia oferece oportunidades também na área de saúde e administração hospitalar, razões pelas quais ela deve contar, também, com investimentos governamentais.


Aplicações

Embora seja uma tecnologia em maturação, a RFID já é responsável por alguns casos de sucesso no Brasil e no mundo. Um dos mais representativos do país é o da HP, que passou por uma longa fase de desenvolvimento até conseguir aplicar a tecnologia para realização de inventário em sua linha de impressoras.

"Com o apoio do Centro de Pesquisa e Desenvolvimento em RFID da HP, conseguimos ler 100% das impressoras etiquetadas quando elas passam pela leitura, sem que a movimentação da linha de produção seja interrompida", afirma o gerente de operações para o Mercosul na HP Brasil, Marcelo Pandini .

O sucesso se traduziu em economia de espaço e retrato mais fiel sobre a situação do estoque da companhia. Para Pandini, ainda há muito espaço para que a RFID traga ganhos operacionais para sua área específica. O executivo já vislumbra prateleiras inteligentes, com informações sobre estoque de parceiros do varejo, que ajudarão a fazer análises e a melhorar a cadeia de fornecimento.

"Uma solução dessas com a tecnologia 3G embarcada poderia levar informações em tempo real para o varejo e para os fornecedores, gerando retornos fantásticos", diz.

Na Fundação Bradesco, a RFID já é utilizada para o controle de frequência de mais de 110 mil alunos e dos professores da instituição. As informações são processadas em uma central de gestão integrada, tornando- se essencial para a empresa avaliar seu desempenho e de seus profissionais.

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