segunda-feira, 2 de março de 2009

Netbooks nas empresas: Esta estratégia faz sentido?

Para empresas com trabalho em campo, a resposta é sim. Para outros tipos de usuários corporativos, a resposta não está tão clara assim.

Por InfoWorld/EUA

02 de março de 2009 - 08h04

Quando os principais nomes da indústria de tecnologia - Intel, Arm, Microsoft, Linux, Acer, HP, Dell, Sony e vários outros - passam a apontar para os netbooks como a próxima grande revolução, a InfoWorld decidiu ver as possibilidades do dispositivo no ambiente empresarial.

Antes de decidir se a área de tecnologia da informação (TI) deve adotar netbooks, é preciso responder duas questões críticas.

Primeiro, os netbooks podem ser melhores do que outros dispositivos que você já têm? E, segundo, a TI deve analisar como os dispositivos móveis serão usados pelos funcionários quando em campo. Ele se encaixa na estratégia geral da TI? Ele adiciona ou subtrai o custo total de propriedade?

Em seu início, as configurações dos netbooks estavam entre 512MB de RAM e 2GB a 4GB de armazenamento em flash. Além disso, eles contavam com processadores menos poderosos que limitavam a quantidade e variedade de aplicações que poderiam rodar. Eles também tendem a ter uma tela e teclado pequenos. E rodam Linux.

Para o colunista do Computerworld, EUA, Mike Elgan, os netbooks vão ter o preço reduzido sensivelmente por conta dos subsídios das operadoras de telecom.

Hoje, os netbooks estão menores do que uma folha de papel e tem grossura de uma polegada (2,54 cm) e pesam até 6 quilos conforme a bateria (que pode ser de três, quatro ou seis células). Muitos deles possuem um processador Atom de 1.6GHz com HD de 160MB e 1GB de memória RAM com tela de 8 a 12 polegadas. Eles vem com Linux ou Windows XP e, quando for lançado, o Windows 7. Os custos variam de 1 mil reais a 1,5 mil reais conforme a configuração.

Boa opção: netbook para uso em campo
Netbooks são perfeitos para operações de campo - transporte e logística, manutenção e reparos, pesquisas e até cuidados médicos - graças ao tamanho diminuto e baixo preço, além da facilidade de se criar aplicações próprias sem custo adicional, já que eles usam sistemas operacionais tradicionais (ao contrário dos handhelds).

"Bom o suficiente para usar e barato o suficiente para perdê-lo" era o que o pessoal de TI dizia sobre o RadioShack TRS- 80, também conhecido como Trash 80, na década de 80 e apontado como o primeiro “netbook”. O mesmo pode ser dito sobre a maioria dos netbooks. Seja o aparelho foi perdido ou roubado, faz mais sentido para a empresa substituir o aparelho do que ter um fornecedor que entregue peças 24 horas por dia.

O tamanho menor tem outras vantagens, defende Ryan Meyer, dono de uma empresa de manutenção de PCs nos EUA. Seus funcionários agradecem por trazer todas as informações que precisam em suas mãos quando estão agachados atrás de uma cabine de servidor procurando números de serial. "A longa bateria também ajuda," diz Meyer.

Talvez a maior vantagem esteja nos sistemas operacionais padrão em vez das versões proprietárias usadas em vários handhelds, defende Eric Openshaw, analista na Deloitte: "Eles são mais fáceis de manter, atualizar e personalizar."

Familiaridade com Windows ou Linux significa uma curva de aprendizado mais curta para os usuários e para TI. Mais, a padronização do hardware e do SO se traduz em custos menores para desenvolvimento e menos tempo de trabalho na TI, seja feito pelo pessoal interno ou terceirizado.

Além isso, é mais fácil para os desenvolvedores garantir o suporte aos netbooks, o que deve facilitar a sua entrada nas empresas, defende Openshaw.

Se você comparar isso com os pré-requisitos dos handhelds, aponta Ron Purdhomme, vice-presidente da consultoria de telecom inCode, vê que é exigido muito tempo de codificação além de middleware para rodar um aparelho Motorola com Symbol (comum em várias empresas) ou com Windows Mobile.

Netbook como uma ferramenta básica de produtividade
Existe outra área em que os netbooks podem ganhar espaço nas empresas: como uma solução para os funcionários que não trabalham pesado com planilhas ou documentos complexos, usando apenas parte da suíte Office da Microsoft e que passam a maior parte do tempo em e-mail e aplicações web.

Eles ainda têm, no entanto, dificuldades para suportar grandes aplicações como Microsoft Office, mas conforme o Google e outros continuarem a adicionar aplicações de produtividade na nuvem, a barreira do desempenho pode desapareer – imaginando que as aplicações em cloud podem mesmo desafiar o Office.

Mesmo se as suítes na nuvem não substituírem o Office, várias alternativas aos produtos da Microsoft vão funcionar bem para os funcionários médios.

Netbooks vai matar os notebook?
Os laptops serão substituídos pelos netbook? Existem várias razões para acreditar que isso é improvável.

A maior vantagem deles para o trabalho de campo - o tamanho pequeno - significa que os usuários não podem fazer muito com ele além de preencher formulários, receber um pedido, ver estoque ou checar um e-mail.

Esta é a visão da Microsoft. "Um netbook é para consumo, não criação," disse James DeBragga, gerente de marketing de Windows na empresa. Edição simples de documentos podem ser feitas com tranquilidade, mas DeBragga acredita que você não vai trabalhar em uma planilha complexa a partir de um netbook.

Se você é como o usuário médio que usa de 5 a 10 janelas abertas simultaneamente, você vai achar difícil navegar por entre estas aplicações e realizar tarefas de negócios.

E não apenas a tela é pequena, mas o teclado também e isso vai dificultar a digitação para a maioria dos usuários. Do ponto de vista de uso ergonômico, os netbooks não são confortáveis para utilização durante um longo período de tempo e não são pequenos os suficientes para serem colocados no bolso, disse Ken Dulaney, analista do Gartner.

Mesmo se conectado a um teclado e monitor para melhor ergonomia, a limitada capacidade de processamento e de armazenamento de um netbook segue inalterada, o que restringe as tarefas básicas de produtividade.

Quem vive na estrada pode gostar da idéia de um aparelho leve para viagens rápidas, mas existe o custo adicional e o trabalho para manter dois dispositivos para estes funcionários. Qual é o sentido de um empregado carregar um netbook para navegar pela web e para e-mail se ele ainda possui um notebook completo? Neste contexto, o netbooks deixa de ser um “peso pena” para ser um peso extra.

Netbooks tem valor – e uma vantagem escondida
Apesar das suas limitações, está claro que os netbooks são interessantes para vários tipos de trabalho de campo, assim como para funcionários que vivem viajando como pessoal de vendas que não têm demanda por outro tipo de software.

E os netbooks vão trazer outra vantagem para as empresas, defende Dulaney, do Gartner: Eles estão pressionando para baixo os preços dos laptops. Se os notebooks ficarem mais baratos e, talvez, um pouco menores, as companhias vão economizar.


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