domingo, 4 de outubro de 2009

Mineradoras consolidam uso de tecnologia

Renato Braga Nunes, MSOL Jaguar Mining, começa a garimpar resultados de estruturação da área de TI iniciada há dois anos.

Por Fabio Barros, da Computerworld
18 de setembro de 2009 - 07h00

Renato Braga Nunes, vencedor do prêmio IT Leaders 2009 na categoria Agronegócios e Mineração, assumiu a área de TI da MSOL Jaguar Mining, uma das maiores mineradoras de ouro do mundo, em agosto de 2007. Na época, o executivo tinha pela frente o desafio de estruturar toda a área de TI da companhia, que até então utilizava terceiros.

Dois anos depois, ele começa a garimpar os resultados de seu trabalho. Ele reconhece que os anos de 2008 e 2009 representaram um período de grandes mudanças na empresa. “Melhoramos muito em relação a 2007. Montamos nosso data center, criamos uma equipe de TI e passamos a atender diversos critérios de conformidade”, afirma. A equipe, considerada enxuta, tem sete profissionais altamente qualificados, a maioria com certificação em ambiente Microsoft e segurança.

O resumo dado por Nunes não denota a quantidade de projetos executados pela Jaguar Mining ao longo deste período. Por conta das características do negócio (localização remota, pouca disponibilidade de estrutura etc.) a área de TI vem trabalhando no desenvolvimento de sistemas internos e sem qualquer terceirização. O principal projeto executado entre 2008 e 2009 foi a revisão de projetos e mapeamento do fluxo de informações da companhia.

Muito trabalho
“Revisamos tudo que estava relacionado ao nosso sistema de gestão, o da RM Sistemas que faz parte do grupo Totvs, com foco na automação de ferramentas e processos e, também, na redução de custos”, lembra Nunes. O processo enfrentou resistências, já que houve remanejamento de pessoal, mas o resultado compensou: o fluxo de informações tornou-se mais dinâmico e o aplicativo passou a oferecer uma visão melhor dos negócios.

O fluxo bem desenhado e os processos mapeados permitiram que as ferramentas de inteligência de negócios (BI, do inglês Business Intelligence) fossem mais bem utilizadas. Nunes afirma que a extração de dados tornou-se mais precisa. “Esta foi uma iniciativa de nossa área que contou com o apoio de usuários chave dentro da companhia”, explica o executivo. O processo também deu mais dinâmica ao fluxo de solicitação de compras, hoje totalmente eletrônico.

“Para este último utilizamos funcionalidades do próprio ERP, mas a intenção para o ano que vem é usar o SharePoint, da Microsoft. Isso vai nos permitir controlar não apenas o fluxo financeiro dos projetos, mas sua evolução atrelada aos custos. Na prática, teremos uma visão mais abrangente do que temos hoje”, diz Nunes.

O objetivo por trás destas iniciativas é fazer com que a área de TI da Jaguar Mining passe a funcionar 100% como projeto. A abordagem deve permitir que todas as áreas envolvidas acompanhem a evolução de suas solicitações por meio de um aplicativo de gestão de projetos (EPM, da sigla em inglês Enterprise Project Management).

Convergência
Além de garantir o fluxo das informações de negócio, a área de TI vem trabalhando também para facilitar a comunicação dentro da companhia. Um dos projetos iniciados este ano foi o de integração de canais, agora todos consolidados dentro de uma única ferramenta que registra a informação independente do meio (e-mail, SMS, telefonia, chat, portal etc.). “Este também será concluído no ano que vem”, diz. O projeto está sendo executado em parceria com a Ericsson e sobre plataforma Microsoft.

Ainda na área de comunicação, toda a intranet da Jaguar Mining foi redesenhada no último ano, permitindo que hoje todos os relatórios produzidos pelas ferramentas de BI sejam vistos em tempo real. O desenho da rede inclui ainda permissões por hierarquia e visão geral a todos os membros da diretoria.

Ainda em relação à convergência, o projeto mais ambicioso da Jaguar Mining é a construção de sua própria rede de telecom. Por conta da falta de estrutura – a sede fica em Belo Horizonte (MG) – a companhia decidiu que seria melhor investir na construção de um backbone próprio. O projeto teve um piloto em 2008, foi iniciado este ano e será concluído em 2010.

“Ficamos em locais onde não há estrutura das operadoras de telecom e o custo de contingência é muito alto, por isso decidimos montar uma mini operadora de telecom, onde vamos trafegar internet, voz e dados”, afirma. Nunes diz que o projeto se pagará em um ano e que, neste momento, ele está pesquisando possíveis fornecedores para itens como licença de freqüência, aprovação junto a Anatel, além dos equipamentos de rádio e do suporte. “Teremos banda melhor que a oferecida pelas operadoras por um preço bem menor”, afirma.

TI Verde
Outra área em que a Jaguar Mining deu seus primeiros passos ao longo deste ano foi a de TI verde, com foco inicial em redução de custos. A primeira iniciativa foi a substituição do parque de monitores CRT por equipamentos LCD. Ao todo, 400 monitores de 17 polegadas foram substituídos, e há previsão de que mais 120 sejam trocados no ano que vem.

A companhia também padronizou seu parque de hardware e, após a definição das especificações, fechou um contrato de aquisição com a HP, que hoje fornece de notebooks a servidores. Antes disso, lembra Nunes, o parque era todo composto por máquinas montadas, o que jogava para cima os custos de manutenção. “Reduzimos substancialmente os gastos com help desk e, com menos paradas, aumentamos a produtividade”, afirma.

As mudanças atingiram também o data center, que foi totalmente remodelado. Todos os servidores, antes montados, foram substituídos por lâminas, o que reduziu o consumo de ar condicionado e de energia elétrica, além de garantir aumento no desempenho dos equipamentos.

Por conta do processo de estruturação, e do crescimento da companhia, também o orçamento de TI da Jaguar Mining vem sendo ampliado. Em 2008 os projetos consumiram entre 2% e 3% do faturamento. Em 2009 este valor foi de 1,5% do orçamento e o percentual deve se manter em 2010. “Mas isso significa mais verba, porque a empresa vem crescendo 100% ao ano em média”, diz Nunes. E é bom que aumente. O executivo lembra já ter um grande projeto preparado para 2010: vai assumir toda a área de automação da companhia, o que significa levar a TI para dentro das minas de ouro.

“Tecnologia é uma área que exige que façamos coisas diferentes todos os dias. O que eu fiz ontem foi bom, mas pode não servir amanhã, por isso estamos sempre revendo as formas de fazer e pensando nisso o tempo todo”.

Crescimento acelerado
A canadense Jaguar Mining é uma das produtoras de ouro de maior crescimento no mundo. A produção das minas mantidas em Minas Gerais deve saltar de cerca de 2 toneladas em 2007 para algo entre 17 e 19 toneladas em 2014. A companhia também atua na exploração e desenvolvimento de outros recursos minerais em uma área de cerca de 265 mil metros quadrados em Minas Gerais e em outra de cerca de 750 mil metros quadrados no Ceará, esta por meio de uma joint-venture.

A empresa tem sede em Concord (EUA) e está listada nas bolsas de valores de Toronto (Canadá) e Nova York (EUA). Em 2008, suas vendas totalizaram 93,7 milhões de dólares, advindos da comercialização de 3 toneladas de ouro.

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