domingo, 4 de outubro de 2009
'Negócio de banco é tecnologia, não dinheiro', diz executivo
"O grande negócio dos bancos, atualmente, não é mais o dinheiro e sim disponibilizar tecnologias", afirmação foi feita pelo presidente do Banco do Estado do Rio Grande do Sul (Banrisul), Fernando Lemos, durante palestra no Congresso da Cidadania Digital, em Brasília, que começou na quarta-feira, 30, e se encerra nesta sexta-feira, 2. Segundo ele, os bancos precisam ter uma visão geral do Brasil para ajudar no desenvolvimento do país.
Os palestrantes discutiram a questão da identificação correta do cidadão – referindo-se ao Registro de Identidade Civil (RIC), certificado digital e biometria – como forma de prevenção de fraudes.
O gerente nacional na área de certificação digital da Caixa Econômica Federal, Wander Blanco ressaltou a importância do RIC para o certificado digital. "Para a certificação digital, é importantíssimo a identificação correta do dono do certificado, pois evitará muitas fraudes. O RIC e a biometria ajudam a garantir a identidade correta do usuário", afirmou.
A coordenadora do Grupo de Trabalho de Certificação Digital da Febraban, Francimara Viotti, observou que tecnologia é algo que evolui muito rápido e, por isso, o sistema financeiro precisa acompanhar para garantir uma maior segurança para os cidadãos. "Nós do sistema financeiro estamos bastante ansiosos pela implantação do RIC, pois ele evitará muitas fraudes que ocorrem com os documentos de identidade que são usados hoje em dia", explicou.
Essas fraudes, segundo Francimara, não é um problema apenas do banco, pois o dinheiro que foi roubado é investido contra a sociedade. "Ou seja, ele é usado para investir no crime, comprando armas ou drogas. Tornando a fraude um problema de todos."
Mineradoras consolidam uso de tecnologia
Por Fabio Barros, da Computerworld
18 de setembro de 2009 - 07h00
Renato Braga Nunes, vencedor do prêmio IT Leaders 2009 na categoria Agronegócios e Mineração, assumiu a área de TI da MSOL Jaguar Mining, uma das maiores mineradoras de ouro do mundo, em agosto de 2007. Na época, o executivo tinha pela frente o desafio de estruturar toda a área de TI da companhia, que até então utilizava terceiros.
Dois anos depois, ele começa a garimpar os resultados de seu trabalho. Ele reconhece que os anos de 2008 e 2009 representaram um período de grandes mudanças na empresa. “Melhoramos muito em relação a 2007. Montamos nosso data center, criamos uma equipe de TI e passamos a atender diversos critérios de conformidade”, afirma. A equipe, considerada enxuta, tem sete profissionais altamente qualificados, a maioria com certificação em ambiente Microsoft e segurança.
O resumo dado por Nunes não denota a quantidade de projetos executados pela Jaguar Mining ao longo deste período. Por conta das características do negócio (localização remota, pouca disponibilidade de estrutura etc.) a área de TI vem trabalhando no desenvolvimento de sistemas internos e sem qualquer terceirização. O principal projeto executado entre 2008 e 2009 foi a revisão de projetos e mapeamento do fluxo de informações da companhia.
Muito trabalho
“Revisamos tudo que estava relacionado ao nosso sistema de gestão, o da RM Sistemas que faz parte do grupo Totvs, com foco na automação de ferramentas e processos e, também, na redução de custos”, lembra Nunes. O processo enfrentou resistências, já que houve remanejamento de pessoal, mas o resultado compensou: o fluxo de informações tornou-se mais dinâmico e o aplicativo passou a oferecer uma visão melhor dos negócios.
O fluxo bem desenhado e os processos mapeados permitiram que as ferramentas de inteligência de negócios (BI, do inglês Business Intelligence) fossem mais bem utilizadas. Nunes afirma que a extração de dados tornou-se mais precisa. “Esta foi uma iniciativa de nossa área que contou com o apoio de usuários chave dentro da companhia”, explica o executivo. O processo também deu mais dinâmica ao fluxo de solicitação de compras, hoje totalmente eletrônico.
“Para este último utilizamos funcionalidades do próprio ERP, mas a intenção para o ano que vem é usar o SharePoint, da Microsoft. Isso vai nos permitir controlar não apenas o fluxo financeiro dos projetos, mas sua evolução atrelada aos custos. Na prática, teremos uma visão mais abrangente do que temos hoje”, diz Nunes.
O objetivo por trás destas iniciativas é fazer com que a área de TI da Jaguar Mining passe a funcionar 100% como projeto. A abordagem deve permitir que todas as áreas envolvidas acompanhem a evolução de suas solicitações por meio de um aplicativo de gestão de projetos (EPM, da sigla em inglês Enterprise Project Management).
Convergência
Além de garantir o fluxo das informações de negócio, a área de TI vem trabalhando também para facilitar a comunicação dentro da companhia. Um dos projetos iniciados este ano foi o de integração de canais, agora todos consolidados dentro de uma única ferramenta que registra a informação independente do meio (e-mail, SMS, telefonia, chat, portal etc.). “Este também será concluído no ano que vem”, diz. O projeto está sendo executado em parceria com a Ericsson e sobre plataforma Microsoft.
Ainda na área de comunicação, toda a intranet da Jaguar Mining foi redesenhada no último ano, permitindo que hoje todos os relatórios produzidos pelas ferramentas de BI sejam vistos em tempo real. O desenho da rede inclui ainda permissões por hierarquia e visão geral a todos os membros da diretoria.
Ainda em relação à convergência, o projeto mais ambicioso da Jaguar Mining é a construção de sua própria rede de telecom. Por conta da falta de estrutura – a sede fica em Belo Horizonte (MG) – a companhia decidiu que seria melhor investir na construção de um backbone próprio. O projeto teve um piloto em 2008, foi iniciado este ano e será concluído em 2010.
“Ficamos em locais onde não há estrutura das operadoras de telecom e o custo de contingência é muito alto, por isso decidimos montar uma mini operadora de telecom, onde vamos trafegar internet, voz e dados”, afirma. Nunes diz que o projeto se pagará em um ano e que, neste momento, ele está pesquisando possíveis fornecedores para itens como licença de freqüência, aprovação junto a Anatel, além dos equipamentos de rádio e do suporte. “Teremos banda melhor que a oferecida pelas operadoras por um preço bem menor”, afirma.
TI Verde
Outra área em que a Jaguar Mining deu seus primeiros passos ao longo deste ano foi a de TI verde, com foco inicial em redução de custos. A primeira iniciativa foi a substituição do parque de monitores CRT por equipamentos LCD. Ao todo, 400 monitores de 17 polegadas foram substituídos, e há previsão de que mais 120 sejam trocados no ano que vem.
A companhia também padronizou seu parque de hardware e, após a definição das especificações, fechou um contrato de aquisição com a HP, que hoje fornece de notebooks a servidores. Antes disso, lembra Nunes, o parque era todo composto por máquinas montadas, o que jogava para cima os custos de manutenção. “Reduzimos substancialmente os gastos com help desk e, com menos paradas, aumentamos a produtividade”, afirma.
As mudanças atingiram também o data center, que foi totalmente remodelado. Todos os servidores, antes montados, foram substituídos por lâminas, o que reduziu o consumo de ar condicionado e de energia elétrica, além de garantir aumento no desempenho dos equipamentos.
Por conta do processo de estruturação, e do crescimento da companhia, também o orçamento de TI da Jaguar Mining vem sendo ampliado. Em 2008 os projetos consumiram entre 2% e 3% do faturamento. Em 2009 este valor foi de 1,5% do orçamento e o percentual deve se manter em 2010. “Mas isso significa mais verba, porque a empresa vem crescendo 100% ao ano em média”, diz Nunes. E é bom que aumente. O executivo lembra já ter um grande projeto preparado para 2010: vai assumir toda a área de automação da companhia, o que significa levar a TI para dentro das minas de ouro.
“Tecnologia é uma área que exige que façamos coisas diferentes todos os dias. O que eu fiz ontem foi bom, mas pode não servir amanhã, por isso estamos sempre revendo as formas de fazer e pensando nisso o tempo todo”.
Crescimento acelerado
A canadense Jaguar Mining é uma das produtoras de ouro de maior crescimento no mundo. A produção das minas mantidas em Minas Gerais deve saltar de cerca de 2 toneladas em 2007 para algo entre 17 e 19 toneladas em 2014. A companhia também atua na exploração e desenvolvimento de outros recursos minerais em uma área de cerca de 265 mil metros quadrados em Minas Gerais e em outra de cerca de 750 mil metros quadrados no Ceará, esta por meio de uma joint-venture.
A empresa tem sede em Concord (EUA) e está listada nas bolsas de valores de Toronto (Canadá) e Nova York (EUA). Em 2008, suas vendas totalizaram 93,7 milhões de dólares, advindos da comercialização de 3 toneladas de ouro.
CIO da M5 Textil aposta nas soluções costuradas na nuvem
Por Fábio Barros, da Computerworld
18 de setembro de 2009 - 07h00
Imagine um executivo que, além da área de tecnologia da informação, tem sob sua responsabilidade também as iniciativas de governança e a coordenação da logística da companhia. Mais que isso, esse profissional tem também a gerência financeira subordinada a ele. Esta rara combinação de funções e atribuições faz parte do cotidiano de Jair Lorenzetti, CIO da M5 Têxtil, dona da marca M.Officer.
Não por acaso, o executivo foi escolhido o IT Leader de 2009 na categoria Comércio. A escolha é resultado de um profundo processo de mudanças pelo qual a companhia vem passando, e que tem na área de TI um de seus vetores fundamentais. A mudança começou há pouco mais de três anos – mesma época em que Lorenzetti foi contratado – quando a companhia decidiu profissionalizar sua gestão.
O próprio CIO reconhece que o processo de migração de empresa familiar para uma estrutura profissional foi dolorosa. “Houve um patrocínio muito forte do maior acionista da companhia, e isso acabou gerando a troca de praticamente toda a antiga diretoria”, lembra. Como resultado da reestruturação, coube a Lorenzetti a função de alinhar, na prática, tecnologia e negócios.
Sistemas em nuvem
Por conta disso, o executivo diz contar hoje com um portfólio de projetos bastante diversificado, que vai da implementação de sistemas de gestão à construção de uma rede de telecomunicações. Um dos mais importantes, realizado em 2008, foi a instalação de um sistema de gestão específico para a vertical de vestuário e calçados desenvolvido pela Linx. De acordo com Lorenzetti, a grande quantidade de customizações demandada por um ERP tradicional definiu a escolha.
“Fizemos a implantação em dois meses e passamos a contar com uma série de funcionalidades específicas, como controle de estoque e expedição”, afirma. A adoção do sistema de gestão foi um marco na área de TI da M5, isso porque ele substituiu, de uma só vez, oito sistemas legados que estavam em funcionamento na companhia há 15 anos. Além dos desafios tecnológicos, o projeto teve uma forte abordagem de gestão de mudanças, já que a entrada em operação do novo sistema foi feita no modelo chamado big bang.
Ainda na área de modernização de sistemas, o passo seguinte da M5 foi a adoção de uma ferramenta de inteligência de negócios (do inglês, Business Intelligence). A solução escolhida foi a fornecida pela Nórdica Software, que foi inicialmente instalada na estrutura legada para facilitar a integração das informações.
O passo mais ousado veio em seguida. Uma vez implantados os aplicativos de gestão e BI, a M5 migrou todos eles para a nuvem. “Temos nossas aplicações de missão crítica rodando em dois data centers distintos, sendo um de contingência”, explica o CIO. Os dois fornecedores – não revelados – foram homologados com as mesmas plataformas de gestão e BI utilizadas pela empresa. Feito isso, o passo seguinte foi a migração para a nuvem, seguida pela consolidação dos sistemas e a transferência da administração para o data center. “Além dos dois data centers, tenho redundância em quatro pontos diferentes do Brasil, o que garante que minhas vendas nunca param”, diz.
O projeto aconteceu ao longo de 2008 e 2009, mas o conceito já era defendido por Lorenzetti no final de 2007. Na época questionado sobre os riscos de compartilhar sistemas com eventuais concorrentes, Lorenzetti afirmou que a tecnologia não era fator preponderante de competição. “Para nós o determinante é a moda, o design das roupas”, disse. Além disso, o executivo garantiu que a vantagem aparece na forma como se gerencia o sistema e na orientação da companhia a processos, e não na propriedade de um software propriamente dito.
Em outra frente, a M5 passou a investir em sistemas de análise de informações corporativas, com a implantação de aplicativos de gerenciamento de processos de negócios (do inglês, Business Process Management) e de balanced scorecard. “Para isso, trouxemos a estrutura de software da IDS Scheer e integramos o BPM com nosso fluxo de trabalho”, diz Lorenzetti.
O passo seguinte é o início de análises de desempenho. Lorenzetti lembra que este último projeto transcende a área de TI e é parte de suas atribuições como líder de governança da companhia. “Este processo continua este ano e vai até o meio de 2010, quando teremos implantada uma solução de PBM (da sigla em inglês, Performance Business Management)”, afirma.
Integração de filiais
Em paralelo ao processo de reestruturação organizacional e implementação de sistemas, a M5 iniciou o projeto de integração de sua rede. Atualmente, a companhia conta com 148 lojas em todo o Brasil (73 próprias e 75 franquias), que passaram a ter acesso aos sistemas via nuvem computacional. Na área de telecomunicações, todas a unidades foram integradas por uma rede MPLS IP, fornecida pela Embratel,
com contingenciamento 3G fornecido pela Claro.
“Com essa rede, contamos com ramais e números locais em todas as unidades, sem ter sequer uma linha contratada em nenhum ponto. Não há tarifação, é tudo VoIP”, diz Lorenzetti. Também neste caso o gerenciamento da rede de telecomunicações é terceirizado, ficando a cargo da Embratel.
O CIO não revela seu orçamento, mas diz que hoje ele está na casa de 1% do faturamento da companhia, o suficiente para realizar os projetos e manter uma equipe de 120 pessoas. “Não temos ninguém puramente TI, mas 22 destas pessoas se dedicam à tecnologia a maior parte do tempo”.
Ao avaliar tudo o que foi feito ao longo dos últimos meses, Lorenzetti avalia os resultados como muito positivos. “O desempenho melhorou muito. Informações que antes eram analisadas de forma subjetiva, hoje são bastante objetivas”, diz. Mais que isso, o executivo afirma ter encontrado a causa de vários problemas de modo mais fácil. “Eram as caixas de Pandora, clãs e feudos que dominavam processos que não pertenciam à empresa, mas às pessoas. Isso acabou”, afirma.
Bradesco é um exemplo da força tecnológica do setor financeiro
Por Rodrigo Afonso, da COMPUTERWORLD
18 de setembro de 2009 - 07h00
O vice-presidente executivo do Banco Bradesco, Laércio Albino Cézar, conquistou pela segunda vez consecutiva, o posto de IT Leader do segmento financeiro.
Se em 2008 o tamanho do seu orçamento, de 2,2 bilhões de reais, já impressionava, este ano, mesmo com crise, as cifras cresceram: são 2,9 bilhões de reais destinados somente à área de tecnologia, um crescimento de mais de 30%.
O número justifica-se pelo tamanho da operação. O banco tem hoje mais de 40 milhões de clientes. Além disso, há mais de 80 mil funcionários na instituição, todos eles potenciais clientes internos. Para segurar essa estrutura é necessário administrar uma grande equipe de tecnologia da informação que, somando profissionais diretos e terceirizados, conta com mais de 5 mil pessoas.
O carro chefe da área de TI da empresa ainda é a reestruturação de toda a arquitetura da instituição, baseada na Arquitetura Orientada a Serviços (SOA, do inglês Service Oriented Architecture). Segundo Cézar, o projeto, que tem conclusão prevista para 2011, está com força total. Atualmente, são 1,2 mil pessoas trabalhando em tempo integral em seu desenvolvimento.
O desafio não é fácil. Estão sendo reconstruídos os sistemas legados que o banco acumulou ao longo de cinco décadas. “Nos tempos atuais, de competição dura, elevamos o ritmo do projeto para estarmos alinhados com as demandas futuras da sociedade”, diz.
Para o executivo, conseguir realizar essa transição tecnológica demanda uma perfeita sintonia entre as áreas de tecnologia e de negócios. E é nesse ponto que sua liderança é mais importante: manter, como premissa principal na organização, a sinergia entre as duas áreas. Cézar afirma que o principal salto durante a sua gestão foi tirar a TI do isolamento para alcançar uma integração completa com todas as áreas de negócios.
“Essencial na nossa área é captar as oportunidades de melhorias de negócios, discutir problemas e dividir essa discussão com todo mundo. E isso faz com que a área receba contribuições de todos”, afirma.
Para chegar a esse cenário foi necessário abolir termos técnicos e jogar a favor da praticidade. Assim, a linguagem passa a ser disponível para todos e o departamento de tecnologia deixa de ser um ambiente fechado, de suporte, mas sim um veículo para o desenvolvimento das operações.
Cézar destaca que essa atitude também está relacionada ao sucesso da corporação em componentes como pioneirismo e inovação. Para ele, o setor financeiro é um dos que mais exige capacidade de dar respostas tecnológicas rápidas ao mercado e o que tem a maior obrigação de antecipar o futuro.
Projetos paralelos
A troca dos sistemas legados por uma nova arquitetura já é suficiente para ocupar um grande batalhão de profissionais e boa parte do tempo do vice-presidente, mas um banco com o porte do Bradesco não pode se dar ao luxo de parar outras áreas para se concentrar em somente um projeto. E aí começa o desafio do Cézar: acompanhar uma série de aplicações de novas tecnologias e mudanças que vêm de exigências do negócio ou de novas regulamentações do setor bancário.
Um dos novos serviços ao qual o banco teve de se adaptar foi o débito direto autorizado (DDA), cuja oferta será iniciada, oficialmente, no dia 19 de outubro. Por ser um serviço que exige integração entre diversos bancos e emissão em formato digital de boletos para cada correntista, foi um projeto bastante extenso, que demandou muito trabalho e testes para estar pronto antes do prazo.
“Hoje, podemos dizer que estamos totalmente preparados para o DDA”, diz. O banco se antecipou com campanhas para que o cliente fizesse cadastro e já há um contingente grande de usuários que vão se integrar de imediato à novidade.
Outro projeto que envolveu grande esforço da equipe de TI foi o de inclusão da biometria no cadastro dos clientes, grande iniciativa no campo da segurança. Com uma solução de leitura das veias da palma da mão, o banco acrescenta mais um recurso para assegurar identidade no autoatendimento, tanto nos caixas eletrônicos quanto dentro da agência.
Durante o Congresso de Tecnologia da Informação das Instituições Financeiras (CIAB), o de um dos fabricantes de caixas eletrônicos para o Bradesco chegou a prever que a biometria estaria implantada em todos os ATMs da organização no prazo de três anos. Para que isso ocorra, todos os clientes deverão estar cadastrados nesse período. Hoje, 1 milhão de clientes já são usuários da biometria, por meio de 8 mil máquinas que equipam 2,3 mil agências da instituição.
O novo Centro de Tecnologia da Informação (CTI), construído na cidade de Osasco, no estado de São Paulo, também ocupa boa parte dos esforços em projetos. Em 2008, toda a plataforma alta (mainframes) foi transferida para o novo centro, e 2009 foi o ano da transferência da plataforma baixa, cuja complexidade de migração é bem maior. Nesse período, 70% da plataforma baixa foi transferida para o novo CTI.
Outro projeto de alta complexidade, que deve transformar o setor, é o formato de compensação de cheque por imagem, previsto para entrar em vigor em março de 2010 em todo o sistema financeiro. “O montante de recursos alocados nessa área foi muito grande, pois queríamos estar preparados com antecedência para atender a todas as requisições do mercado e realizar uma transição suave, sem sobressaltos”, diz Cézar, que garantiu que o sistema do Bradesco será dos mais avançados.
Além das novidades em regulamentação e segurança, o executivo tocou, nos últimos meses, um projeto para mudar a forma como o banco se relaciona com seus clientes. Trata-se de um módulo de gestão de relacionamento (CRM), que alavancou detalhes como análise de clientes, associando seus cadastros com catálogos de serviço.
Como resultado, as forças de vendas contam hoje com uma ferramenta que automatiza a identificação de oportunidades de novas vendas. “O CRM acabou de sair, mas já podemos enxergar melhorias significativas em todo o processo de relacionamento com clientes”, diz o CIO.
sexta-feira, 2 de outubro de 2009
Virtualização: dicas para evitar servidores sobrecarregados
Por Computerworld/EUA
02 de outubro de 2009 - 07h41
A virtualização está cada vez mais abrangente nas corporações, incluindo serviços de missões críticas e uso intensivo de aplicações. Com isso, os executivos de tecnologia da informação (TI) estão aprendendo que a divisão de servidores em poucas máquinas virtuais é coisa do passado.
Hoje, fornecedores de virtualização já tentam mostrar aos clientes o potencial que a tecnologia tem de colocar 20, 50 ou até 100 máquinas virtuais em apenas uma máquina física, mas os líderes de TI e os especialistas da indústria dizem que tais números oferecem riscos ao ambiente de produção, causando problemas de desempenho ou, pior ainda, indisponibilidade.
“Em ambientes de teste e desenvolvimento, as companhias já conseguiram atingir 50 máquinas virtuais em um host. Mas em se tratando de missões críticas e aplicações que utilizam recursos intensivos, o número tende a se limitar a 15”, afirma o vice-presidente de pesquisa da consultoria americana Enterprise Management Associates (EMA), Andi Mann.
Na média, o número é ainda menor. Segundo estudo conduzido pela EMA em janeiro de 2009 com 153 organizações com mais de 500 usuários, a média de máquinas virtuais por servidor é de 6, consolidando aplicações como ERP, CRM, e-mail e banco de dados.
A grande variação entre a realidade e as expectativas, seja por conta da publicidade do fornecedor ou por questões de retorno sobre investimento (ROI, da sigla em inglês return over investment), pode se traduzir em problemas para a equipe de tecnologia. Isso porque quanto maior o número de serviços consolidados em um servidor, maiores serão as supostas vantagens da tecnologia. “Se a equipe entra em um projeto de virtualização com falsas expectativas, a estrutura da empresa fica ameaçada", diz Mann.
Assim, o efeito pode ser contrário: a confiança exagerada na possibilidade de usar uma alta taxa de virtualização (número de máquinas virtuais por dispositivo físico), afeta consumo de energia, sistema de refrigeração, entre outros. “Se uma empresa pensa que precisa de apenas 10 servidores para implantar projeto de virtualização, mas na realidade necessita de 15, pode ter um custo final de consolidação maior ainda. Não é uma boa idéia, principalmente na economia de hoje", diz o presidente e analista da consultoria norte-americana Pund-IT, Charles King. Confira as dicas para evitar problemas:
Leve em conta que aplicativos chave lutarão por seu espaço
Por que existe essa falta de conexão entre a realidade da virtualização e as expectativas? King diz que, até agora, companhias focaram em virtualização nas camadas mais baixas: aplicações com pouca demanda de desempenho, como ambientes de desenvolvimento, armazenamento de arquivos e serviços de impressão. “Aplicações não-críticas e atividades dos extremos da rede não necessitam alta disponibilidade, a equipe pode amontoar dezenas deles em uma única máquina", afirma.
A opinião é corroborada pelo diretor da pesquisas sobre servidores da consultoria norte-americana TheInfoPro, Bob Gill. "No começo, as pessoas estavam virtualizando sistemas que usavam menos de 5% da capacidade que tinham disponível. Além disso, eram os serviços que não causariam grande impacto se ficassem indisponíveis por uma hora ou duas", diz Gill.
Uma vez que existe a necessidade de instalar aplicações de missão crítica, com utilização mais intensa dos sistemas, o risco de segurança aumenta e a demanda por desempenho e disponibilidade cai consideravelmente. “Essas aplicações vão competir por largura de banda, memória, armazenamento e processamento", diz King. Mesmo máquinas com processadores topo de linha vão apresentar gargalos se tantos recursos recorrerem ao mesmo servidor.
Comece com uma análise de capacidade
O começo de qualquer projeto é a educação dos usuários. As equipes de TI devem mudar o pensamento de quem acha que tudo será possível com poucos servidores. Para começar, uma análise de capacidade pode ser uma boa idéia, segundo o especialista em sistemas de segurança da informação Dris Jmaeff, que trabalha em uma das maiores empresas canadenses de saúde, a Interior Health.
Quatro anos atrás, o data center da Interior Health estava crescendo rapidamente. Havia muita demanda para virtualizar o ambiente de produção, com 500 servidores, para dar conta de uma gama de serviços hospedados, incluindo DNS, ActiveDirectory, servidores web, FTP e muitas outras aplicações e servidores de dados.
Antes de começar, Jmaeff usou uma ferramenta da Vmware para conduzir uma análise intradepartamental de capacidade que monitorou a utilização de hardware dos servidores. A ferramenta, que também é fornecida por empresas como HP e Microsoft, permitiu fazer um estudo mais aprofundado sobre os recursos exigidos dos servidores”
Com isso, sua equipe conseguiu consolidar 250 servidores, ou 50% do parque, em apenas 12 hóspedes físicos. E, embora o data center de Jmaeff tenha uma média de 20 máquinas virtuais por hóspede, as máquinas físicas que demandam mais aplicações trabalham a taxas de virtualização mais baixa. As que trabalham com aplicações de menor desempenho têm mais máquinas virtuais e compensam para compor a boa média.
O profissional combina Vmware vCenter e IBM Director para monitorar as máquinas virtuais e identificar eventuais sinais de desbalanço nas taxas de virtualização, como picos no uso de memória ou de processamento e degradação do desempenho. “Se necessário, é fácil clonar servidores e rapidamente fazer um balanceamento das cargas de aplicativos”, diz Jmaeff.
Acompanhamento contínuo é fundamental
Na empresa Network Data Center Host, um provedor de serviços Web da California (EUA), a equipe de TI aprendeu rapidamente que, em se tratando de virtualização de aplicações de missão crítica, é necessário muito mais do que RAM para garantir o desempenho. “Originalmente, imaginávamos que poderíamos manter 40 consumidores de menor porte em um servidor baseado somente na memória RAM disponível. Mas percebemos que, com aplicações mais pesadas, náo é a RAM que importa, mas sim as operações de entrada e saída de dados (I/O)", diz o CTO da companhia, Shaun Retain.
Levando isso em conta, a taxa de virtualização teve de ser reduzida para uma razão de 20/1. Para ajudar no controle, a empresa escreveu um painel de controle que permite aos consumidores verificarem como a máquina virtual lida com leituras, escritas, uso de espaço em disco e outros dados que afetam desempenho. Além disso, as máquinas hospedeiras da empresa contam com ferramentas de monitoramento para garantir que o desempenho de todas as máquinas virtuais não sejam prejudicadas por conta de tráfego de uma única máquina.
O consultor da Pund-IT, Charles King, diz que as companhias também deveriam conduzir testes rigorosos nas suas aplicações de missão crítica virtualizadas antes e depois da implementação. “A equipe deve ter certeza que cada aplicação se mantenha estável em termos de largura de banda na rede e memória. Se a equipe tem o conhecimento de que determinada aplicação exige mais em algum período específico do ano, deve levar esse dado em consideração no planejamento", diz.
Os testes também ajudam a determinar qual carga virtual de trabalho deve coexistir em um servidor físico de forma que a distribuição não comprometa a disponibilidade. É um estudo exaustivo por um período, mas que vai economizar muitas horas de trabalho corretivo no futuro.
Mais dicas
O fundador da empresa norte-americana Resolutions Enterprise Consultancy e autor de livros sobre virtualização, Nelson Ruest, alerta que as equipes de TI não podem esquecer de que as empresas precisam manter recursos na manga como contingência. “Se a equipe roda todos os servidores usando 80% da capacidade, não há espaço para redundância", diz o especialista.
O vice-presidente da EMA Andi Mann aconselha que a equipe procure pares com ambientes de aplicações similares em eventos e conferências técnicas ou mesmo em grupos de usuários locais. “A maioria dos presentes nessas ocasiões estão bem dispostos a compartilhar suas informações e experiências", diz. Bem melhor do que confiar nas palavras dos fornecedores é obter exemplos reais de empresas com o mesmo perfil.